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Ultrapassagem inédita no Censo da Educação Superior

Por Celso Niskier,

Censo da Educação Superior 2020, recentemente divulgado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), confirmou a previsão feita pela ABMES de que novas matrículas em cursos a distância substituiriam, em curto espaço de tempo, aquelas efetivadas em graduações presenciais.

Ainda em 2018, pesquisa realizada pela Associação, em parceria com a empresa de estudos educacionais Educa Insights, constatou a redução da resistência dos estudantes à modalidade e que, mantidas as taxas anuais de crescimento, a inversão das novas matrículas por modalidade se daria em 2023. Mas, em 2020 o coronavírus chegou e, em 2021, essa previsão foi antecipada para 2022.

O que ninguém conseguiu prever, contudo, é que a forte queda na renda das famílias em virtude da pandemia, associada aos altos índices de desemprego, ao investimento do setor de educação particular em tecnologia e à satisfação dos estudantes com a modalidade remota ofertada desde o início de 2020 fosse resultar na aceleração dessa antecipação.

De acordo com o Censo, a superação das novas matrículas nos cursos a distância ocorreu já em 2020. O levantamento aponta que, dos cerca de 3,7 milhões de ingressantes em instituições públicas e privadas naquele ano, 53,4% (mais de 2 milhões) escolheram a modalidade on-line. Na edição de 2019 do levantamento, a rede privada já havia registrado o ingresso maior nas vagas das graduações a distância.

Embora a expansão da EAD esteja despontando como uma opção inclusiva, temos a responsabilidade de garantir que esse crescimento se dê com qualidade. Além disso, as IES precisam se estruturar para que tenham sustentabilidade a longo prazo, já que o ticket médio menor traz o desafio de adequação dos custos à nova realidade. Precisamos nos atentar, ainda, para a manutenção da diversidade no setor, com instituições de todos os portes e tamanhos. Para isso, é muito importante que ampliemos a marca de 40% das IES credenciadas para a oferta da EAD. Estamos otimistas de que as instituições terão êxito nesse novo cenário.

Mas, nem só de EAD foi feito o Censo 2020. O levantamento também revelou que, apesar dos impactos da pandemia, em 2020 foram registradas mais de 8,6 milhões de matrículas em cursos de graduação, crescimento de 0,9% em relação a 2019. Em relação à representatividade do setor particular, ela foi ampliada. O setor é responsável por 87,6% das instituições de educação superior e efetivou 86% das novas matrículas em 2020.

É interessante notar que, apesar do susto inicial e das dificuldades enfrentadas desde março de 2020, a educação superior se manteve firme. Os números provam o que já vínhamos percebendo no nosso dia a dia: nossos maiores temores não se concretizaram. Trabalhamos muito, e rapidamente, para atenuar o tsunami que se abateu sobre as IES com a suspensão da presencialidade em todo o país, e o resultado de tamanho esforço está consolidado nos dados apresentados pelo Inep.

Sendo assim, além de celebrar a manutenção do vigor da educação superior no país naquele que foi o pior ano do século, os dados do Censo mostram a força e a união do setor particular de educação superior, dos quais temos muito o que nos orgulhar.

Fonte: ABMES