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Pare. Respire. Observe.

Por Celso Niskier 

Vivemos com a sensação de movimento perpétuo: mudanças climáticas, mudanças no ambiente de trabalho, mudanças no conceito de família, mudanças até no conhecimento sobre a mente humana. Se tudo se move, onde está o ponto imutável, aquele que serve de referência para nós mesmos?

Essa vertigem nossa do dia-a-dia, agravada pela insegurança gerada pela pandemia da Covid-19, faz com que os casos de doenças psiquiátricas aumentem no Brasil e no mundo, e, com isso, o uso de remédios para aliviar a dor e o sofrimento. Somos uma sociedade doente, necessitando de equilíbrio.

Nas salas de aula, presenciais ou remotas, o grande desafio dos professores é conseguir a atenção dos alunos por alguns minutos, distraídos que estão com os gadgets tecnológicos e o excesso de oferta informacional. Como concorrer com um universo cada vez mais rico e interessante nas redes sociais? Como quebrar esse encanto, esse estado de hipnose coletiva em que vivemos?

Acredito muito no poder da meditação. Cientificamente, verificou-se, através de vários estudos bem projetados, que a prática constante da meditação pode alterar o funcionamento e até a estrutura do cérebro, em diversas partes ligadas ao controle das emoções.

Seria a meditação um antídoto contra esses tempos acelerados e inseguros? Como meditante regular há quinze anos, posso dizer que sim.

Ao parar, respirar e observar minhas sensações, emoções e pensamentos durante quinze minutos, pela manhã e à noite, faço uma pausa fundamental para me reconectar com a minha essência humana. Crio um ponto imutável dentro de mim, a partir do qual o corpo serena e a mente se acalma.

Das turbulências das minhas ondas cerebrais emerge uma ressonância produtiva, que clareia os pensamentos e energiza a mente. A meditação, feita com regularidade, torna-se um processo de reorganização das atividades mentais, uma pausa fortalecedora em meio ao caos do dia a dia.

Por que não tentar introduzir a meditação nas escolas? Imaginem uma aula começando com alguns minutos em que todos – alunos e professores – param, sentados em suas cadeiras, respiram profundamente e apenas observam as sensações, como nuvens passando pelo céu das suas consciências. Sem celulares, sem outros estímulos artificiais. Apenas observando.

O potencial para melhoria da aprendizagem é real. Mais conectados consigo mesmos, mais relaxados e mais atentos, professores e alunos produzirão muito mais aprendizagem, sem as distrações mentais que ocorrem neste mundo volátil, incerto, caótico e ambíguo.

E então: já parou para respirar hoje?

Fonte: ABMES