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O que querem os estudantes? Inovação

Por Celso Niskier,

Estudantes preferem modelos de ensino que fazem uso de novas tecnologias. Essa afirmação, que até outro dia era feita com base na observação, agora tem fundamento estatístico. A pesquisa Direito, Psicologia e Enfermagem: qual é o formato preferido dos alunos?, desenvolvida pela ABMES em parceria com a Educa Insights, retira qualquer dúvida que poderia existir sobre essa questão.

Realizado com pessoas que ainda não estudam, mas pretendem cursar uma das três graduações nos próximos 12 meses, o estudo constatou que 59% dos interessados em cursos de direito aceitariam que ao menos parte do conteúdo fosse ministrado com o auxílio de tecnologias na modalidade a distância. Os percentuais também são elevados para os cursos de enfermagem (57%) e psicologia (46%).

O uso das novas tecnologias foi apresentado aos estudantes dentro do contexto dos quadrantes híbridos, modelo de oferta educacional desenvolvido pela ABMES e apresentado ao Ministério da Educação (MEC) segundo o qual as atividades podem acontecer de quatro formas: presenciais síncronas; presenciais assíncronas; virtuais síncronas; e virtuais assíncronas.

Apresentadas a essa estrutura, 93% das pessoas que pretendem cursar direito gostariam de ter modelos virtuais assíncronos, ou seja, acesso a aulas gravadas com conteúdo complementar às aulas “ao vivo” (presenciais ou virtuais), além do acesso a conteúdo teórico em ambiente virtual (apostilas, biblioteca digital e laboratórios virtuais, por exemplo). Entre os prospects de psicologia, 87% gostariam de contar com atividades virtuais assíncronas, índice similar ao verificado entre aqueles que pretendem cursar enfermagem (84%).

É interessante notar que em nenhum momento os entrevistados demonstraram interesse por um modelo 100% EAD, o que revela maturidade por parte do futuro estudante e conhecimento sobre como aliar o melhor de cada formato na sua formação acadêmica. Aliás, nunca é demais reforçar que não há, por parte do setor particular, a defesa por uma oferta que seja 100% a distância, como alguns querem fazer parecer com o objetivo de descaracterizar e desmoralizar o uso das novas tecnologias.

Oficialmente, a legislação brasileira prevê apenas duas modalidades de ensino: presencial e a distância. Isso não quer dizer, contudo, que as instituições de educação superior não possam inovar e alinhar seus processos de ensino e aprendizagem às novas tecnologias educacionais disponíveis, e que foram potencializadas durante a pandemia de covid-19. E, para isso, não há necessidade de qualquer alteração regulatória. Os instrumentos legais vigentes, ainda que sejam limitantes, deixam aberturas para a inovação no âmbito das IES.

Os três cursos analisados foram escolhidos por serem bastante representativos entre aqueles com o maior número de matrículas nas graduações presenciais. Contudo, é pouco provável que os percentuais de aceitação do uso de novas tecnologias sejam muito distintos nos demais cursos – talvez com exceção de medicina. Assim, a pesquisa se apresenta como aliada das instituições de educação superior para a tomada de decisões estratégicas. Não há mais espaço para cursos fundamentados em modelos do século passado. A ordem, agora, é inovar ou perecer.

Fonte: ABMES