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O professor do século 21

Por Celso Niskier,

O último Censo da Educação Superior (Inep/MEC 2020) mostra que as instituições particulares de ensino superior concentram 66,4% das matrículas dos cursos de licenciatura no país. Isso significa dizer que o setor privado é o responsável direto pela formação de quase 70% dos docentes brasileiros.

Essa realidade não é exatamente uma novidade. Há algum tempo o setor particular de educação superior tem se mobilizado no sentido de destacar sua relevante colaboração, mas, sobretudo, de puxar o debate sobre os professores que estão sendo formados e os profissionais da educação que o mercado e a sociedade deste século 21 têm demandado.

No segundo semestre de 2021, essa mobilização se materializou em um inédito grupo de trabalho idealizado pelo Instituto Península, ABMES e ANEC, com o apoio técnico do Movimento Profissão Docente. Composto por instituições1 de educação superior privadas, comunitárias e confessionais, em articulação com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) e a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), o grupo se dedicou à reflexão sobre como deve ser o professor dos dias atuais e quais fatores de qualidade devem ser garantidos na formação inicial para que estejam bem preparados para o início da docência.

O resultado desse esforço concentrado pode ser conferido na publicação O professor que queremos: fatores de qualidade na formação inicial docente, disponibilizada para download gratuito no site da ABMES. Por exemplo, o grupo de trabalho concluiu que todo professor deve:

  • Ter compromisso com a aprendizagem de todos: de si, dos estudantes, dos pares e da comunidade escolar.
  • Saber relacionar-se e ter competências socioemocionais desenvolvidas para poder desenvolvê-las nos estudantes.
  • Saber o quê e como ensinar e, também, como os estudantes aprendem em cada etapa de desenvolvimento.
  • Desenvolver senso ético, cultural e social em si e nos estudantes.
  • Compreender e conseguir gerir ambientes de aprendizagem, contemplando sua diversidade e complexidade.
  • Garantir as aprendizagens essenciais expressas na BNCC.
  • Ter postura pesquisadora, reconhecendo situações escolares como objeto de estudo e reflexão.
  • Saber ler e interpretar dados e fazer escolhas pedagógicas a partir deles.
  • Planejar e executar situações de aprendizagens em diversos contextos: presencial, remoto e híbrido.
  • Promover espaços colaborativos de aprendizagem dentro e fora da escola.
  • Conhecer e respeitar os contextos plurais das crianças e jovens.
  • Avaliar a aprendizagem e o ensino, visando formas mais efetivas de desenvolvimento cognitivo, social e emocional.
  • Buscar constantemente o desenvolvimento profissional.

Já os fatores de qualidade essenciais na formação inicial docente consistem em:

  • Que o curso de formação inicial tenha um currículo inovador.
  • Que o estágio supervisionado seja efetivo nas redes de educação básica.
  • Que o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) seja uma realidade a serviço da aprendizagem.

Superados desafios como a universalização do acesso à escola; orientações curriculares a partir da BNCC; transporte e merenda escolar, o grupo de trabalho ressalta que é chegado o momento de priorizar os investimentos em melhores políticas docentes.

Por isso, o resultado do trabalho será encaminhado aos gestores públicos, ao Conselho Nacional de Educação, ao Ministério da Educação e às secretarias de Educação de todo o país. Acreditamos tratar-se de um importante instrumento no processo de construção do melhor modelo para formarmos os professores que queremos para um futuro que já chegou. O mapa está traçado; agora é iniciar a jornada.

Fonte: ABMES