Mais Lidas

Acontece

Notícias

Nós temos a força

Por Celso Niskier 

Incentivar a pesquisa é fundamental para o desenvolvimento do Brasil e o setor particular de educação superior tem uma importante contribuição a dar nesse sentido. Contrariando o senso comum de que apenas as instituições públicas fazem pesquisa, dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) indicam que quase 20% dos programas de pós-graduação stricto sensu do país estão instalados nas instituições privadas.

Esse e outros números foram apresentados pela diretora de avaliação da Capes, Sônia Nair Báo, durante o seminário de julho da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). O evento teve como objetivos discutir a política de pós-graduação stricto sensu nas modalidades presencial e a distância; tratar do sistema de avaliação da Coordenação; e ainda jogar luz sobre a importância da representação do setor de educação superior particular na formulação, no acompanhamento e na avaliação do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG).

Por sua capilaridade, o setor particular é fundamental, por exemplo, para o processo de interiorização dos programas de pós-graduação que, atualmente, estão centrados nas áreas litorâneas. Outro aspecto favorecido por essa ampla cobertura do território nacional consiste na possibilidade de as instituições particulares de educação superior atuarem junto a agentes locais de desenvolvimento na construção de alternativas sociais para as comunidades nas quais estão inseridas.

A produção científica brasileira está na 13ª posição de um ranking liderado por Estados Unidos, China, Inglaterra e Alemanha. Ao contrário de nações que têm como costume investir no campo da ciência, aqui essa produção está intimamente atrelada à pós-graduação stricto sensu, universo que possui ampla possibilidade de crescimento.

Entretanto, a exemplo do que ocorreu na graduação, se não for por meio das instituições particulares, dificilmente o país atingirá um nível satisfatório de formação de recursos humanos qualificados, já que entraves como maior burocracia e ausência de recursos têm impactado nos investimentos governamentais em todos os níveis de ensino.

Para que esse desenvolvimento ocorra, é essencial que o poder público reconheça a relevância do setor particular de educação superior e o inclua nos processos de formulação do marco legal e das políticas públicas para a área. O setor privado tem total condição e quer colaborar com a próxima edição do PNPG, por exemplo, mas não como ouvinte ou colaborador eventual. O setor está preparado para atuar efetivamente das discussões no âmbito dos grupos de trabalho e das comissões. Existem sugestões concretas a serem apresentadas.

É visível a necessidade de aproximação entre o setor particular de educação superior e a Capes de modo a estimular o stricto sensu nas instituições privadas. Todos os pontos sintetizados aqui, e outros mais, foram apresentados à Coordenação durante o seminário da ABMES. A expectativa é de que essa semente renda bons frutos. Ao menos do lado de cá, ela já germinou. O desenvolvimento da pós-graduação stricto sensu entrou definitivamente na agenda do setor particular de educação superior.

______________________________________________

Celso Niskier é  Diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e Reitor do Centro Universitário UniCarioca

Fonte